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ZABÉ DA LOCA

A força e a suavidade habitam o mesmo pequeno e encurvado corpo. Lampeja no mesmo azul do olhar. A coisa mais viva que tem nela é o olhar. Duas jóias azuis que não perdem o rumo da conversa. Os olhinhos enrugados, fechados quando ela sorri, indicam um pouco da paz que sente hoje em dia. Tranquila, porém impaciente e às vezes firme, como toda mulher do Cariri, Zabé nos arrebata para seu mundo de intensidade máxima. Tanto na arte quanto na vida, ela teve que labutar a história, burilar uma vida difícil, porém livre de padrões. Ela viveu mais de duas décadas numa loca, no meio do mato, na Fazenda Santa Catarina, em Monteiro, no Cariri paraibano.

A artista Zabé da Loca viveu parte da vida em Pernambuco, onde começou a tocar pífano, e outra parte na Paraíba, onde seguiu carreira artística na zona rural. Entre um estado e outro, os nordestinos se movimentavam nas décadas de 30 e 40. A pé ou, no máximo, com jumentos. Assim foi com sua família, que muitos diziam ser de retirantes, nômades, pessoas que se mudavam constantemente, em busca de sobreviver o máximo de tempo possível com o escassos recursos da época.

Mas o mais impressionante da história de Zabé não são as agruras que ela enfrentou, nem nesta época nem na que viveu, por mais de 20 anos, numa loca, com paredes de taipa. O que nos deixa apaixonados pela pessoa, pela personalidade, é a força e leveza equilibradas numa só pessoa. Uma mulher pequena, de pouco mais de um metro e meio, mas com uma gigantesca sensibilidade para a liberdade, expressada na vida e na arte.

Isabel Marques da Silva nasceu na cidade de Buique, em Pernambuco, no dia 12 de janeiro de 1924 (data dos documentos atuais). Filha dos agricultores José Francisco da Silva e Júlia Marques, a menina cresceu mudando-se de acordo com o que conseguiam para viver. Zabé teve uma irmã, Madalena Marques da Silva, e o irmão mais velho, Aristides Marques da Silva, quem lhe ensinou a tocar pífano, aos sete anos de idade.

Era incomum mulheres tocarem instrumentos ou cantarem e muito menos dançarem no início do século 20, no qual ela viveu a juventude. O modo machista de pensar e agir imperava com mais rigor. Mas algumas figuras femininas frustravam os costumes e mostravam talentos inigualáveis para as artes, como a curiosa Isabel. A pequena Zabé teve um pouco de sorte em relação à arte porque nasceu num humilde berço que propagava a cultura popular.

Seus pais mantinham uma banda de pífanos. Inevitável foi o contato dela logo cedo com os instrumentos e com a forma caririzeira de compor música. Sempre acompanhada de seu pífano, a menina atraia a atenção. Primeiro pela propriedade com que executava o instrumento. Por causa dessa habilidade, Zabé também é apontada como a “rainha do pife”.


O talento precoce a fez conhecida, pois era solicitada aos pais para tocar em festas. Desde o começo, ela sempre atendia aos pedidos por prazer, sem receber dinheiro por isso. A vida familiar era comumente de mudança. Um dia, quando Zabé tinha 16 anos de idade, os pais resolveram se mudar de vez para a Paraíba, “onde havia um sítio mais bonito que tudo”.

Foi com esta idade, por volta de 1944, que ela chegou à Fazenda Santa Catarina, mais especificamente no sítio Olho D’água do Neto. O pai dela, conhecido por Zé Chico, o irmão Aristides e um outro parente lembrado pelo nome de Sebastião viajaram a pé para a Fazenda. Percorreram mais de 100 km caminhando. Não há relatos na comunidade sobre como Zabé, a mãe e a irmã chegaram ao local. No ano em que chegou, Zabé estava exuberante como toda jovem adolescente. Apesar do aspecto rústico, de garota do Campo, Zabé sempre teve olhos encantadores.

Talvez por isso, ela possa ter despertado a atenção do filho do antigo dono daquelas terras. Talvez tenha deixado-se seduzir por ele, João Sinésio, por ser assim tão jovem. Logo nos primeiros encontros com João, Zabé engravidou. Mesmo sem ser reconhecida como herdeira das terras em que morava, a criança Edite nasceu, se criou e viveu muitos anos no Assentamento, com a mãe e a família. Segundo os moradores do Assentamento, ela morreu a menos de 10 anos. Mas chegou a visitar a mãe, depois de ter ido embora com uma família do local, para o Sudeste do Brasil, onde morou até morrer.


  •  Data de publicação: 06/09/2016
  •  Data de modificação: 07/20/2017
  •  Região: Paraíba
  •  Cidade: Monteiro
  •  Endereço: Sitio Santa Catarina, S/n, Povoado Santa Catarina
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